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Sargento é indiciado por homicídio qualificado por matar o jovem Marcelinho em Escada

Adolescente foi morto com tiro de fuzil na cabeça ao tentar fugir de blitz.
Polícia diz que PM decidiu, sozinho, atirar e não houve chance de defesa.

G1PE
A delegada Gleide Ângelo, do DHPP, apresentou a conclusão do inquérito sobre o caso nesta terça-feira (8) no Recife (Foto: Bruno Fontes / Tv Globo)
O sargento da Polícia Militar que deu o tiro que vitimou o jovem Marcelo Laureano Gomes Filho foi indiciado por homicídio qualificado, quando não há chance de defesa da vítima. O adolescente de 16 anos foi morto com um tiro de fuzil na cabeça quando tentava fugir de uma blitz policial em Escada, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, em junho passado. O resultado do inquérito foi apresentado pela Polícia Civil na manhã desta terça-feira (8) no Recife.

Os detalhes da investigação foram explicados pela delegada Gleide Ângelo, na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da capital. Ela disse que o sargento foi indiciado porque tomou a decisão de atirar sozinho, enquanto os demais policiais abordavam o carro dirigido pelo amigo da vítima. Os outros três PMs que participaram da ação não vão responder a nenhum crime; pois, segundo Gleide, não tiveram responsabilidade na morte de Marcelo. A delegada ainda explicou que o crime foi tratado como um homicídio qualificado porque o jovem não teve possibilidade de defesa, já que foi atingido pelas costas.

Durante o inquérito, o sargento ainda teria tentado escapar, dizendo que o chão estava molhado e ele havia escorregado. Por isso, a arma teria disparado. No entanto, as cinco testemunhas do crime confirmaram que o policial apontou a arma para o carro de Marcelo e disparou. Durante as investigações, foram ouvidos como testemunhas o irmão e os dois amigos de Marcelo que também estavam no carro atingido, além do casal de amigos que estava no outro veículo abordado pela polícia.

"Os vidros do carro estavam baixos. Então, os meninos viram o policial puxar o fuzil. Eles ainda chegaram a pedir para ele não atirar porque eles iam parar. Mas o policial achou que eles eram assaltantes e atirou. Mas não pode atirar só porque é uma fuga. Poderia ter acontecido algo muito pior. O carro podia ter capotado e todo mundo podia ter morrido. Por isso, ele vai responder pelo que fez", explicou a delegada Gleide Ângelo em entrevista ao NETV 1ª edição desta terça. 

Mesmo assim, a delegada não pediu a prisão preventiva do sargento indiciado. Ela explicou que não encontrou riscos que exigissem a prisão, já que o sargento está na Polícia Militar há 29 anos e tem mais de 160 elogios dentro da corporação. No entanto, a reclusão ainda pode ser solicitada pelo juiz que receber o inquérito ou pelo Ministério Público. O sargento, que integra a Companhia Independente de Sobrevivência em Área de Caatinga (Ciosac), está afastado das patrulhas de rua desde o dia posterior à morte de Marcelo. Agora, continuará exercendo apenas atividades administrativas na Ciosac.

Ainda segundo Gleide, as câmeras dos bancos que ficam na Avenida Comendador José Pereira, no centro de Escada, ajudaram a esclarecer o crime. Marcelo foi baleado na frente das agências, onde parou o carro para conversar com um amigo que havia estacionado no local na noite de 16 de junho. De acordo com a polícia, foi neste momento que a viatura da Companhia Independente de Operações e Sobrevivência na Área de Caatinga (Ciosac) se aproximou dos veículos.

Enquanto os policiais abordavam o amigo de Marcelo, o adolescente deu ré para tentar fugir da blitz. Para evitar que ele escapasse, o sargento indiciado, que comandava a operação, atirou. O disparo de fuzil atingiu a cabeça do rapaz, que morreu na hora. Por isso, o carro desceu sem controle até o meio-fio do banco e os outros três passageiros desceram correndo, assustados.

No dia seguinte ao crime, o pai da vítima, o comerciante Marcelo Laureano Gomes, explicou que o filho não tinha carteira de habilitação e provavelmente ficou com medo de ser flagrado pela polícia no volante. Por isso, teria tentado fugir da blitz. Os policiais também explicaram que abordaram os carros porque, dias antes, um Corola, como o que o amigo de Marcelo dirigia, havia assaltado um dos bancos da região.
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